O Ano Internacional do Som (International Year of Sound ou IYS 2020) é uma iniciativa global, promovida pela Comissão Internacional de Acústica, que pretende destacar a importância das ciências e tecnologias associadas ao som, bem como destacar a necessidade do controle do ruído na natureza e nos ambientes construídos pelo Homem.
Toda a comunicação assenta no som, mas principalmente ele é notado na sua ausência. O silêncio pode ser muito “sonoro.” O som, sempre presente, desempenha um papel muito importante, desde a transmissão de uma mensagem, o enquadramento do ruído à nossa volta: na natureza, no ambiente familiar, no local de trabalho, etc.
Devido às condicionantes da situação de pandemia COVID-19, o Ano Internacional do Som foi estendido a 2021.
O som é o que ouvimos – pessoas a falar, música, barulhos à nossa volta. O som permite a comunicação, a transmissão de uma mensagem, mas também pelo som contextualizamos um enquadramento social e geográfico. Se estamos ao pé de um riacho, ou num concerto de música, se o comboio passa perto ou o carro efetua uma travagem brusca, se o telefone toca ou o vento sopra. Se a ambulância se aproxima ou afasta. Não é preciso ver para identificar cada um destes acontecimentos. Basta ouvir!
Também há sons que não ouvimos, infrassons e ultrassons. Os sons audíveis encontram-se na gama de frequências de 20 a 20 000Hz. Os infrassons encontram-se abaixo dos 20Hz e os ultrassons acima de 20 000Hz. Ambas têm aplicações específicas, em particular na Medicina e Comunicação, como as ecografias, estetoscópios, imagens ultrassónicas e o sonar.
As frequências não são ouvidas de igual forma. Tal depende do nível de pressão sonora ou intensidade sonora, medido em decibéis, dB, e do estado da pessoa (mais ou menos jovem). O limiar da dor, cerca de 120 dB, está associado à degradação do sistema auditivo.
O excesso de ruídos que afeta a saúde física e mental da população é o conceito de Poluição Sonora. A poluição sonora já é segunda maior poluição ambiental do planeta, e neste contexto o ruído prejudica a Aprendizagem e o desenvolvimento das crianças, afeta a produtividade e a saúde da população economicamente ativa, além de gerar problemas de convívio e até mesmo judiciais nas cidades.
Nem todos os sons são bons. O som indesejado – ruído – é omnipresente na sociedade moderna. Uma utilização incorreta e contínua do som pode trazer efeitos penalizadores como a perda de audição. O próprio envelhecimento favorece este processo, mas que é acelerado quando o sistema auditivo está exposto a elevados níveis sonoros.
É por isso importante termos atenção ao modo como nos expomos ao som/ruído e/ou como o podemos minimizar, reduzindo-o na fonte, fazendo um mapeamento de ruído, usando barreiras de ruído rodoviário ou protetores auditivos ativos e passivos, por exemplo. Um outro cuidado, particularmente nos jovens, é evitar o uso excessivo de auriculares (phones) principalmente com o som muito intenso.
Associado ao som está a acústica. Esta é a ciência que investiga a produção, controlo, transmissão, receção e efeitos do som e engloba entre outras áreas a acústica ambiental, acústica de salas, controle de ruído, aeroacústica, acústica musical ou acústica submarina. O leque de investigação é assim vasto, abrangendo o desenho das salas de concertos, a ecolocalização de presas por morcegos, a deteção de defeitos microscópicos em peças metálicas, o ruído do tráfego rodoviário, a insonorização de edifícios, etc, numa abordagem frequentemente multidisciplinar.
Um vídeo que apresenta o som nas nossas vidas, elaborado no âmbito do IYS, pode ser visto em https://youtu.be/eK-ApCMQNhY e mais informação está disponível para consulta em https://sound2020.org/ .
Texto redigido pela professora Luísa Gonçalves