O senhor Diretor do nosso Agrupamento fez-nos chegar dois breves artigos sobre um estudo da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que fez a análise do sucesso educativo nacional dos nossos jovens.
Fonte público
Educação
Taxa de “percursos de sucesso” entre alunos com mães sem habilitações é de apenas 8%
Por Natália Faria
Análise ao 2.º ciclo confirma relação entre nível socioeconómico e resultados. Dinamismo dos professores também conta
O ponto de partida era perceber até que ponto as desigualdades socioeconómicas das famílias se reproduzem no desempenho escolar dos filhos. E os resultados de uma nova análise confirmam aquilo que já vinha sendo apontado em estudos anteriores: em Portugal há uma relação “muito forte” entre o desempenho escolar dos alunos e o meio socioeconómico dos agregados familiares, segundo a Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), do Ministério da Educação.
Entre os alunos cujas mães têm licenciatura ou bacharelato, a percentagem de “percursos de sucesso” no 2.º ciclo do ensino básico é de 80%. Já entre os alunos cujas mães têm habilitação escolar mais baixa, equivalente ao 4.º ano, a percentagem baixa para os 26%, revela o estudo Desigualdades Socioeconómicas e Resultados Escolares – 2.º ciclo do ensino público geral. As discrepâncias são ainda mais evidentes quando se compara o percurso dos alunos cujas mães não possuem qualquer habilitação com o percurso daqueles cujas mães têm mestrado ou doutoramento: a diferença vai dos 8% aos 83%.
Por definição, um aluno com “percurso de sucesso” no 2.º ciclo (5.º e 6.º anos de escolaridade) é um aluno que obteve positiva nas duas provas finais do 6.º ano de 2014/15 (Português e Matemática), após um percurso sem retenções no 5.º ano.
Este documento vem dar seguimento a uma análise semelhante, de Fevereiro, mas que incidia sobre o 3.º ciclo. Neste nível escolar, as disparidades no desempenho escolar das crianças eram mais agudas. A taxa de “percursos de sucesso” entre os alunos com mães detentoras de uma licenciatura ou bacharelato era de 71%, contra 19% no caso de alunos cujas mães tinham apenas o 4.º ano.
Apesar destas conclusões, a DGEEC sustenta que o “nível socioeconómico não equivale a destino”, ou seja, “não determina de forma inapelável o desempenho”. E aponta como argumento o facto de as crianças de algumas regiões com indicadores socioeconómicos desfavoráveis, como Braga ou Viseu, terem, apesar disso, indicadores de desempenho “francamente superiores” à média nacional. Importa, diz, investigar “localmente e de forma aprofundada” que outros factores entram em jogo. “O dinamismo da escola e dos seus professores” poderá “compensar e até superar os efeitos do nível socioeconómico” das famílias.
Fonte jn
Só 27% dos alunos mais pobres têm boas notas
Apenas 27% dos 20.299 alunos do 2.º Ciclo que recebem o maior apoio da Ação Social Escolar (ASE) têm sucesso escolar.
Os dados estão num estudo da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), publicado esta quarta-feira, que sublinha que os jovens de famílias de baixos rendimentos apresentam taxas de sucesso mais baixas.
Não é novo, mas justifica a ambição do secretário de Estado da Educação, João Costa, ter “a obsessão de fazer com que a pobreza deixe de ser um preditor de sucesso”, conforme disse ao JN, em setembro.
Segundo o relatório, são apenas 5.452 os discentes do 2.º Ciclo com escalão A da ASE (o maior nível de apoio) que conseguem ter bons resultados. Pelo meio ficam os 6.972 dos 16.157 jovens do mesmo Ciclo com escalão B, ou seja, 43%; e, no extremo oposto, os alunos que não precisam de apoio, com resultados bem mais favoráveis: 28.175 de um total de 45.005 tem boas notas, isto é, 63%.
Numa nota enviada às redações, o Ministério da Educação (ME) sublinha que os resultados obrigam a centrar a ação “no nivelamento de oportunidades entre crianças oriundas de diversos meios socioeconómicos”.
Mães determinam sucesso
Uma outra conclusão do documento mostra também que a percentagem de sucesso dos alunos cujas progenitoras têm uma licenciatura ou um bacharelato é de 80%, valor que desce até aos 26% quando as mães não têm mais do que o 4.º ano.
O ME entende, porém, que estes dados “não equivalem a destino”, pois há outros fatores determinantes, como “o papel da escola e a colaboração e responsabilidade da comunidade, a nível local e regional”.
“Observe-se mesmo como os alunos de Braga cujas mães têm habilitação equivalente ao 6.º ano têm desempenhos escolares melhores do que os alunos de Setúbal cujas mães têm habilitação equivalente ao 12.º ano”, exemplifica o estudo.