
Entrevista a Raquel Rodrigues
No passado dia 7 de março, entrevistei a atual presidente da Associação De Moradores Do Vale Das Onegas (Concelho de Sardoal), Raquel Rodrigues, durante o IV Passeio Do Lobisomem.
As perguntas estavam relacionadas, não só com o referido passeio, como também com outras atividades da associação.
Quem fundou esta associação?
Esta associação foi fundada pelo Sr. José Serras, marido da D. Maria Do Céu, pelo Sr. Joaquim Pissarreira, pelo Cremildo Casola, pela Sra. Clara, porque havia uma carência, no Vale Das Onegas, de comunicação e depois acharam que para além da igreja faltava-nos ali um espaço, uma casa mortuária, isto parece estranho, mas é verdade, queriam fazer uma casa mortuária, e então como o espaço que tínhamos era os antigos lavadouros, tinha aqui um espacinho por baixo e pensaram em fazer um cafezinho, e pronto daí começou a nossa associação. Foi fundada aí, mas remonta a tempos muito mais antigos. Começou com a juventude que, ainda com 13, 14, 15 anos, começaram a fazer umas festinhas na rua principal, a Norte, no meio da estrada, ia-se apanhar eucaliptos, apanhar fetos, ia-se buscar às serrações, uns costaneiros para fazer um barzinho, e foram as primeiras festas. Por isso, os fundadores de caneta e papel foram esses senhores, mas os “verdadeiros” fundadores foram os jovens da terra, que fundaram o verdadeiro espírito do Vale Das Onegas.
Quais são as atividades anuais desta associação? E porquê o nome de Passeio Do Lobisomem?
Então, é de facto, primeiro essa que referiu, logo é a primeira do ano. Feito na primeira noite de lua cheia, do tempo da Quaresma, que eram as noites mais compridas do ano e já ligeiramente tolerável a temperatura. As luas com maior luminosidade são as de janeiro, fevereiro, março e a de agosto. E o porquê do lobisomem era porque, nesta terra, sempre se ouviu falar destas lendas e dizia-se mesmo que havia mesmo uma pessoa , e eu não posso dizer o nome, mas eu sei o nome de quem acusavam de ser um lobisomem. Ser lobisomem não era uma bênção, era uma maldição e eles tentavam quebrá-las sempre na noite de lua cheia. Então, para deixarem de sofrer desse mal, nas noites de lua cheia, eles tinham dores, artroses, segundo o que diziam. Há a história do crescimento de cabelos, eram pessoas muito peludas e eles tentavam quebrar essa maldição, indo passar essa noite por sete cidades ou vilas casteladas, mas enquanto alguém em casa virava a roupa ao contrário. Assim que começavam a virar a primeira peça, a pessoa que estava em casa tentava que fosse o mais tarde possível, ele começava logo a voltar para trás.
Temos a festa do Dia Da Criança, um festejo simples, uma tarde que já chegou a ser uma grande festa quando eram muitas crianças, agora o Vale Das Onegas tem muito poucas crianças.
Depois temos as nossas festas anuais de verão que têm fama em muito lado, tenho-te a dizer que eu trabalho longe de cá e ainda há pouco tempo ouvi dizer: “Ah, você é daquela aldeia que tem uma das melhores festas onde eu vou!”, dá muito trabalho, mas são umas festas de verão muito engraçadas, com muito espírito e sacrifício lá se vão fazendo.
Temos o Passeio Da Chapa Amarela, ou seja, das motorizadas antigas, pois foram os primeiros veículos motorizados que começaram a aparecer aqui, e para não perder esses tempos, como quase todos os rapazes e raparigas aprendiam a conduzir essas motorizadas, desde pequenos, ou se não aprendiam iam sentadas à frente do volante e por isso fazemos um passeio em homenagem a esses tempos.
Celebramos também o Magusto, só para juntar as pessoas e comer umas castanhas.
Por fim, juntamo-nos na Passagem De Ano.
E, por fim, que marcou o percurso deste passeio?
O percurso, este ano foi marcado pelo Sr. Hugo Pissarreira, que muito prontamente, escolheu um percurso diferente de todos os outros anos e como também já era nosso costume, nunca passar pelo mesmo sítio, mas, este ano, vamos então para outra zona da freguesia onde ainda não tínhamos passado.
Inês Jesus Ferreira, 7ºA