Sem pontapés na gramática…

Pousar ou posar?! Hoje, vais ficar a saber mais sobre esta particularidade linguística.

Pousar e posar são casos de paronímia, isto é, são palavras semelhantes, quer na grafia, quer no som, mas possuem origem e significado diferentes.

Utilizá-las corretamente faz parte do nosso dever enquanto falantes da nobre “língua de Camões”, também conhecida como “a última flor do Lácio”, expressão usada no soneto Língua Portuguesa, do escritor brasileiro Olavo Bilac.

Mas partamos para a análise linguística de ambos os vocábulos.

O sentido que se atribui a pousar faz referência a algo que se encontra no ar e que está prestes a tocar a superfície. Por essa razão, pousamos os talheres sobre a mesa, pousamos um embrulho no chão, presenciamos uma aeronave a pousar ou a aterrar na pista…

Por sua vez, posar, cuja origem estreita laços com a língua francesa, faz referência ao ato de permanecer imóvel numa determinada posição.

Assim sendo, deverás ter sempre em mente que pousar significa “chegar à superfície” ao passo que posar significa “fazer pose”.

Nota bem:

O avião pousa na pista.

 O gato posa para a fotografia.

Para bem falares e bem escreveres, não percas o próximo artigo deste Sem Pontapés na Gramática.

Até para a semana e… cuidado com a língua!

As professoras,

Ana Gameiro e Clara Neves

Houve ou Houveram?! Novas confusões com as formas do verbo haver!

E as dúvidas quanto ao uso correto de algumas formas do verbo haver continuam!

Como se diz:

Ontem houve muitos aguaceiros ou Ontem houveram muitos aguaceiros?

A opção correta é Ontem houve muitos aguaceiros!

Nesta frase, o verbo haver está sozinho e significa “existir”. Ora, com este sentido, haver só se conjuga na 3.ª pessoa do singular. É o desconhecimento desta regra que leva os falantes deste belo país à beira-mar plantado a conjugar o verbo em todas as pessoas, como em haver de.

Atenção: Recorda que o verbo haver, quando tem o sentido de “existir”, só se conjuga na 3.ª pessoa do singular. Logo, também não se diz *haverão, *haveriam ou *hajam

Por isso mesmo, o auxiliar do verbo haver tem de respeitar essa regra ditada pelo verbo principal: Vai haver aguaceiros amanhã e não *Vão haver aguaceiros amanhã.

Para bem falares e bem escreveres, não percas o próximo artigo deste Sem Pontapés na Gramática.

Para a semana, encontramo-nos novamente por aqui. Até lá, cuidado com a língua!

As professoras,

Ana Gameiro e Clara Neves

 

Há ou À?! Mais confusões com as formas do verbo haver!

 

 

 

 

 

 

 

 

O verbo haver, como já viste em artigos publicados anteriormente, é um dos verbos mais maltratados da língua portuguesa. Assim, na rubrica de hoje, vamos ajudar-te a ultrapassar outra dúvida recorrente acerca deste verbo.

Como é que se diz:

  1. Não ligo o computador dois dias OU Não ligo o computador à dois dias?
  2. vírus neste computador OU À vírus neste computador?

A opção correta, em ambas as frases, é a primeira. Sabes porquê?

Porque, nas frases acima, é uma forma verbal do verbo haver, tendo o sentido de:

  1. tempo decorridoNão ligo o computador dois dias.
  2. existir vírus neste computador.

A diferença entre e à é, pois, muito simples de explicar:

 – é uma forma do verbo haver;

À  é uma contração da preposição a com o artigo a.

Como vês, não há nada que enganar! Mas… será que isto é suficiente para perceberes quando deves usar uma forma ou outra?!

Aqui vai outra ajuda:

Quando dizes Não ligo o computador dois dias, estás a dizer que já passaram dois dias desde que não ligas o computador, utilizando o verbo haver para traduzir esse sentido.

Quando dizes tulipas no jardim, estás a dizer que existem tulipas no jardim.

Retém, pois, as dicas abaixo:

Dica 1: Para saberes se deves usar ou à, podes usar, em substituição de haver, os verbos passar ou existir, para traduzir a mesma ideia. Se o sentido se mantiver, deves escrever a forma do verbo haver (há).

Dica 2: Por norma, à aparece sempre depois de um verbo (1) ou a introduzir um elemento móvel na frase (2):

(1) Vou à internet fazer uma pesquisa.

(2) À noite, as festas são mais divertidas.

Por último, presta atenção a este pormenor importante:

tem acento agudo (´) e à tem um acento grave (`).

É fácil, não é? Claro que sim!

Para bem falares e bem escreveres, não percas o próximo artigo deste Sem Pontapés na Gramática.

Até à próxima e… cuidado com a língua!

As professoras,

Ana Gameiro e Clara Neves

Sem pontapés na gramática!

A língua é um dos traços mais importantes da nossa identidade nacional, logo é preciso valorizá-la.

Uma língua tão rica quanto a nossa, a tão nobre língua portuguesa, tem naturalmente muitas rasteiras e ratoeiras, mas basta um bocadinho de atenção para não resvalarmos na gramática.

Sabias, por exemplo, que uma ovelha é ronhosa e não ranhosa, mesmo que ande constipada? E que a expressão “mal e porcamente”, usada erroneamente por muitas pessoas, nada tem a ver com os simpáticos suínos?

Na rubrica Sem pontapés na gramática vais ficar a conhecer alguns dos erros mais comuns que desgraçam a ilustre língua portuguesa.

Por isso, se queres ler, escrever e falar sem erros, acompanha os artigos publicados no teu jornal escolar online e torna-te um mestre na arte de bem falar e bem escrever em bom português.

As professoras,

Ana Gameiro e Clara Neves

 

  1. “Nós” e “A gente”…

As voltas que a língua dá (ou que a gente dá) às palavras que, coitadas, não têm culpa do desconhecimento dos seus falantes!

Ouve-se às vezes dizer que é incorreto o uso da expressão “a gente”. Ora, o que é incorreto é usar a expressão “a gente” com o verbo na primeira pessoa do plural!

A gente” pede, assim, o uso do verbo na 3.ª pessoa do singular e “Nós” usa-se com o verbo na 1.ª pessoa do plural.

Concluindo:

“A gente fazemos”? Não!!! “A gente faz.” Ou então: “Nós fazemos.”

Para bem falares e bem escreveres não percas a próxima rubrica de Sem Pontapés na Gramática.

Até para a semana e… cuidado com a língua!